sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Lisboa... Tão perto e tão longe...


Lisboa sempre esteve tão perto e ao mesmo tempo tão longe...

A aposta em cativar empresas e investidores criando condições para a sua fixação no Barreiro, nunca foi uma prioridade nem estratégia dos que governam a nossa cidade.

Em vez disso, os investidores e empresários são vistos como “personas não gratas” e fonte de exploração laborar.

Como resultado, a grande maioria da população desloca-se para fora do Barreiro tornando a nossa cidade um dormitório sem vida nem economia própria; veja-se o comércio local.

Alguns persistentes continuam a lutar contra a corrente onde se instaurou a mediocridade... Até quando?

AlmaSense

Um comentário:

Anônimo disse...

Volto aqui (o tal que no 25 de Abril também andava na Álvaro Velho), só para lhes contar uma pequena história.

À parte alguns pormenores que visam salvaguardar, para já, a minha identidade, esta história é verdadeira.

Íamos pela cidade, de carro, e dizia-me, há dias, a minha mulher:

- Já não aguento isto! Estou farta desta terra! Temos que pensar em ir daqui para fora!

Manifestava-me, assim, o seu desencanto para com a qualidade de vida no Barreiro. Com o calor e ímpeto que caracteriza a generalidade das mulheres (perdoem-me o pragmatismo) e muito especialmente a minha.

Perante tal “sentença” conjugal e conhecendo eu bem a minha cara-metade, por força dos nossos 27 anos de relação, fiquei mudo e calado, a pensar com os meus botões. Procurava mentalmente arregimentar argumentos para lhe apaziguar o ímpeto “desertor”. Ela, que não tendo também nascido no Barreiro, há muito fez desta a sua terra, ao ponto de, quando houve que juntar trapinhos, nem pestanejou quanto à escolha da terra onde morar.
Sondei e sondei na minha mente, à procura de argumentos para lhe dizer que não; que havia razões para nos manter-mos por cá.

Entretanto, continuava ela com os seus ímpetos “desertores”, com ganas de quem fala muito a sério (e eu conheço-a; oh se conheço!):

- Não tarda os miúdos estão a caminho de fazerem a sua vida. E eles também não estão numa de ficar. Porque havemos nós de ficar nesta terra que não pára de se enterrar? Nesta terra sem rumo nem futuro? Nesta terra suja e sem qualidade? Mal eles estejam no seu caminho, nem mais um dia, ala para fora daqui!

E eu continuava arduamente à procura de argumentos capazes de a desmobilizar de tão militante “anti-barreirismo”. Eu bem sei ao que o Barreiro chegou. Ela tem mais que razão. E quanto eu lamento essa crua realidade! Chego mesmo a sentir como que um misto de tristeza e irritação. Mas eu gostava tanto de ficar pelo Barreiro!... o Barreiro que tanto me deu na minha juventude, o Barreiro onde tenho os meus amigos, os meus espaços, os meus... também merece que por ele tenha algumas preocupações e, se for caso disso, algumas irritações.

Entre a condução, a fuga aos buracos, os abrandamentos para passar aquelas montanhas que colocaram na estrada, supostas passadeiras, e os meus pensamentos, olha para o meu lado direito e encaro com a minha mulher.

Dizia, já algo denotando alguma irritação:

- Estás cá? Estás a ouvir o que eu disse?

Respondi-lhe candidamente:

- Não! O que foi? Estava distraído!... Diz lá?”

Decidira, ali, naquele momento, não procurar desculpas! Decidira que iria procurar participar para que este descalabro acabe. Decidira que iria ajudar a dar razões à minha mulher e a tantos outros para não querer ir embora.

E tanto que eu gostava de não ter que ir embora!

Um abraço.