terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Plano de reconversão do QUIMIPARQUE

(O diagnóstico de Augusto Mateus – parte II)

Na continuação do seu relatório o Prof. Augusto Mateus aponta ainda outros factores que ajudam a caracterizar a realidade do Barreiro:

“(…)
Do ponto de vista da especialização produtiva, verifica-se que a actividade económica no Barreiro se encontra muito centrada em quatro sectores: comércio, indústrias transformadoras, construção e alojamento e restauração.

No comércio, estão 39% dos estabelecimentos e 31% dos empregados por conta de outrem deste concelho. Nas indústrias transformadoras, estão 8% dos estabelecimentos e 21% do empregados por conta de outrem. Na construção, estão 12% dos estabelecimentos e 11% do emprego por conta de outrem. Finalmente, no alojamento e restauração, estão 15% dos estabelecimentos e 9% do emprego por conta de outrem.

Fazendo uma análise mais fina às indústrias transformadoras, verifica-se que o Barreiro apresenta uma especialização relevante na indústria química e uma presença assinalável na indústria metálica, na indústria do papel e da madeira, nas indústrias alimentares e na indústria dos materiais de transporte.

Esta especialização decorre, em larga medida, dos fortes e continuados investimentos que a CUF e a REFER efectuaram, durante uma grande parte do século XX, em muitos dos terrenos que actualmente integram o Quimiparque.

Tomando por referência a tipologia desenvolvida pela OCDE em finais da década de 90 que permite classificar os sectores industriais segundo o seu grau de intensidade tecnológica, verifica-se que o Barreiro possui uma especialização produtiva muito centrada em sectores de média-alta tecnologia.

Do ponto de vista da dinâmica empresarial recente, o concelho do Barreiro apresenta uma evolução muito tímida e comparativamente pior do que a média da Península de Setúbal e do que a média do país como um todo.





Fruto desta performance, o concelho do Barreiro perdeu importância relativa em termos de localização empresarial na Península de Setúbal e em Portugal como um todo. O peso relativo do total das empresas existentes no concelho do Barreiro na Península de Setúbal, por exemplo, caiu de 9,3% para 8,6%; o peso dos estabelecimentos diminuiu de 10,2% para 9,2%; o peso do emprego por conta de outrem reduziu-se de 9,3% para 8,1%.
Este comportamento é, por si só, negativo.



Neste quadro, torna-se óbvio que o Barreiro necessita urgentemente de potenciar a sua dinâmica de iniciativa empresarial. Assumindo um cenário em que, a breve prazo, o Barreiro consegue melhorar significativamente a sua capacidade de atracção para novas empresas e novos investimentos, achamos que este concelho terá condições, desde logo, para reforçar a sua tradição na indústria química e metálica, sobretudo nos segmentos mais leves e limpos do negócio.


Do ponto de vista das saídas de mercadorias para o exterior, o Barreiro posiciona-se como o quarto concelho mais exportador da Península de Setúbal, embora a grande distância do principal pólo exportador da região onde se encontra inserido que é Palmela.
(…)”

Mais adiante no relatório ficamos a saber que, enquanto o Barreiro é responsável por 3,7% do total das saídas (expedições e exportações) da Península de Setúbal, Palmela responde por 58,1%, Setúbal por 22,3% e o Seixal por 10,9%).

Feito o levantamento sócio-económico avança o Prof. Augusto Mateus para a análise do Quimiparque no Contexto do Barreiro, apresentando, em primeiro lugar uma caracterização geral do parque empresarial do Barreiro, dizendo:

“(…)
O Quimiparque, no Barreiro, é uma enorme infra-estrutura de acolhimento empresarial que pertencente à Quimiparque – Parques Empresariais, SA, uma empresa portuguesa que tem por vocação principal gerir e desenvolver parques empresariais. Actualmente, com 17 anos de existência, gere dois grandes parques empresariais em Portugal (um no concelho do Barreiro e outro em Estarreja) e detém ainda interesses num outro em Vendas Novas.



Em 1977, após a sua nacionalização (da CUF) e a dos outros dois produtores portugueses de adubos, operou-se uma fusão que deu origem à Quimigal. Esta empresa passou, assim, a dispor de dois outros complexos industriais – um dos quais situado em Estarreja. A actividade empresarial da Quimigal passou por diferentes fases ao sabor de conjunturas económicas, comerciais e sociais, até que, já sociedade anónima, foi alvo de uma reestruturação de que resultou a autonomização dos seus diversos negócios em empresas, parte das quais foram seguidamente privatizadas.

Foi neste quadro que, em 1989, a Quimiparque, SA, foi constituída. Esta empresa foi criada para gerir e potenciar os avultados bens patrimoniais em terrenos e edifícios anteriormente detidos pela Quimigal, bem como a completa rede de infra-estruturas que integravam os complexos industriais do Barreiro e de Estarreja, entretanto convertidos em parques empresariais. Com o início da actividade da Quimiparque em 1990, já com 40 empresas instaladas, começou-se a desenvolver um trabalho de recuperação de edifícios, renovação de arruamentos e equipamentos e reabilitação de áreas degradadas, melhorando, de forma sustentada, o meio ambiente e as condições de funcionamento das instalações. Este trabalho permitiu que se mantivessem em laboração as empresas que já estavam instaladas antes da constituição da Quimiparque, SA, e possibilitou, ao longo do tempo, o estabelecimento, nos seus dois parques empresariais, de mais de 400 novas empresas. Em consequência, assistiu-se à recuperação de mais de cinco milhares de postos de trabalho, facto que contribuiu de forma importante para atenuar os efeitos do emprego perdido com o decorrer do processo de reestruturação e reconversão que esteve na sua génese.

A localização (do Quimiparque) beneficia da existência de dois portos (um para carga geral e outro para movimentação e armazenamento de produtos líquidos) e de uma relativa proximidade ao aeroporto de Lisboa e mesmo à fronteira com Espanha. A partir dela, existem ligações rápidas à capital por auto-estrada e via rápida através das pontes 25 de Abril e Vasco da Gama e pela frota de catamarãs da Soflusa, encontrando-se em fase de estudo a ligação ao Seixal através de uma ponte sobre o rio Coina. As ligações ao norte do país agilizam-se com a A13 (Marateca-Santarém). A futura ponte do Carregado-Benavente promete alargar ainda mais o leque de acessibilidades.

No seu interior, o Quimiparque é atravessado por uma vasta rede rodoviária asfaltada e por caminho-de-ferro com ligação à rede ferroviária nacional. Possui redes gerais de energia eléctrica, gás natural, água, telecomunicações, iluminação e esgotos.

Actualmente, o Quimiparque alberga 295 empresas dos mais diversos ramos da indústria, comércio e serviços, incluindo diversas escolas e centros de formação, designadamente a Escola Superior de Tecnologia do Barreiro (pólo do Instituto Politécnico de Setúbal). No entanto, prevê-se para breve o desaparecimento de algumas destas empresas ou a sua deslocalização para outras zonas do concelho num processo gradual que entronca numa incontornável requalificação da antiga área industrial da Quimigal/CUF. O Quimiparque reanimou a antiga zona da Quimigal, tornando-a rentável através da adaptação das instalações para pequenas e médias empresas. Criou infra-estruturas e demoliu edifícios de antigas empresas, procurando respeitar sempre o património histórico.

Ao nível do acolhimento empresarial, o parque disponibiliza espaços muito variados para a instalação de novas empresas, desde pequenos escritórios até médias e grandes superfícies multi-usos ou armazéns, com dimensões que variam entre poucos metros quadrados e os milhares de metros. Edifício Tejo, Edifício Sado, Edifício Guadiana, Edifício Mondego, Edifício Douro, Edifício Arrábida, Edifício Almansor, Edifício Côa, Escritórios, Edifício 153, Espaços de Aluguer Temporário e os Estaleiros são as denominações usadas para identificar e referenciar as várias estruturas de acolhimento empresarial existentes no parque.

Finalmente, resta-nos referir o Business Club existente no parque, também designado por Clube de Empresas. É uma das construções que sobressai de entre o património edificado do parque pelo facto de conseguir recriar, numa edificação antiga, devidamente restaurada, uma ambiência gastronómica com o requinte do mais luxuoso escritório. É, portanto, um espaço acolhedor, que confere um pano de fundo ideal para a concretização de importantes negócios.


Outro dos activos que não pode deixar de ser elencado ao já de si extenso património da Quimiparque é o SalisPark. O SalisPark é um espaço localizado na zona nascente do parque, com uma ampla frente para Lisboa e que integra 55 lotes para uso comercial, industrial e de serviços. O loteamento empresarial SalisPark compreende uma área total de lotes para venda de 52.500 m2, à qual corresponde uma área de construção de 45.800 m2, de arquitectura moderna e que oferece a opção à empresa-cliente de adquirir o lote com ou sem construção.

Para além do património infra-estrutural de que dispõe, e que tende a ser valorizado em virtude dos projectos que o rodeiam, o PEB inventaria ainda um singular património histórico-museológico. Fruto da actividade da antiga CUF, este património situa-se no que é hoje o PEB e distribui-se pelos seguintes pólos:






- Bairros Operários da ex-CUF (1908-1932). De toponímica característica, integrados a partir de 1989 no Quimiparque. Sobressaem os edifícios da Torre do Relógio e da Casa da Cultura




Mausoléu de Alfredo da Silva (1944). Monumento funerário em granito, com 12 metros de largo e 7 de altura, projectado pelo arquitecto Luís Cristino da Silva, com baixos-relevos do escultor Leopoldo de Almeida.





Casa-Museu Alfredo da Silva (1907). Contém espólio proveniente da Fábrica Sol, em Alcântara. O 1º andar era utilizado por Alfredo da Silva quando este se deslocava ao Barreiro.






Museu Industrial (1935) e Centro de Documentação. Veio, em Dezembro de 2004, valorizar o património museológico da Quimiparque através um espólio constituído por equipamentos industriais de índole diversa e um acervo documental e iconográfico considerável, numa central eléctrica desactivada (edifício característico dos anos trinta, recuperado e criteriosamente adaptado).



O Quimiparque coloca à disposição das empresas e empresários um conjunto de soluções que assentam em várias linhas de orientação.

Primeira, flexibilidade e versatilidade contratual. Os contratos de cedência dos espaços são bastante flexíveis, no que diz respeito à sua duração, e são efectuados com um mínimo de formalidades, permitindo a instalação rápida do cliente. Por outro lado, os contratos de cedência de espaço prevêem, adicionalmente, modalidades alternativas ao aluguer como a disponibilização de lotes para venda.

Segunda, boa qualidade das infra-estruturas de base, assentes na oferta de uma completa rede de estradas e ruas asfaltadas, além de rede interna de caminho-de-ferro (ligado à rede nacional), redes eléctricas, de telecomunicações, de abastecimento de águas e esgotos. No que diz respeito a infra-estruturas portuárias, o Quimiparque dispõe de dois portos (um de carga geral e outro de movimentação de líquidos). Dispõe ainda de uma rede interna de gás natural.

Terceira, proximidade dos serviços prestados pela Quimiparque. O parque possui bombeiros privativos 24 horas por dia e serviço de portarias e vigilância estática. Um serviço de ambulâncias está também à disposição dos clientes. Por outro lado, a localização dos órgãos de gestão da Quimiparque, SA, nos próprios parques proporciona aos clientes um apoio constante no que se refere à sua instalação e funcionamento, bem como no acompanhamento dos procedimentos necessários para o licenciamento industrial (ou outro) do cliente.

Quarto, caixa postal na estação de correios instalada gratuitamente numa das entradas. Existem, para além dos já referidos, outros serviços de apoio, tais como o Clube de Empresas e o anfiteatro do edifício da Administração.

Quinta, variedade de serviços prestados por clientes já instalados. Desde o momento em que nasceu, foi pretensão da Quimiparque, SA poder disponibilizar todo o tipo de serviços dentro dos seus parques através de clientes instalados. Neste momento, pode-se afirmar que esse desiderato foi já atingido visto haver praticamente todo o tipo de serviços indispensáveis a um parque moderno, fornecidos por empresas-clientes, desde o hipermercado ao ginásio, passando pelos serviços médicos, banco, estação de serviço, reparação de viaturas

Sexta, diversidade de espaços disponíveis. O Quimiparque disponibiliza, para aluguer, espaços cobertos e descobertos numa grande gama de dimensões e tipos. O seu portfólio compreende espaços que vão desde escritórios com algumas dezenas de m2 a pavilhões com vários milhares, podendo anexar a estes últimos espaços livres descobertos para estacionamento ou armazenagem ao ar livre. Entretanto, desde 1997, o Quimiparque tem vindo oferecer espaços cobertos com dimensões normalizadas de 170/180/200 m2, já equipados com as instalações eléctricas e sanitárias e prontas a utilizar, para armazéns e oficinas. O facto de estes espaços terem origem em modulação de grandes edifícios já existentes permitiu a utilização de ruas internas cobertas dando acesso a esses módulos.


Esta combinação de factores tende a facilitar sinergias que acabam por sustentar, em parte, o crescimento das empresas acolhidas. A diversidade de actividades desenvolvidas pelas empresas-clientes neste parque, a sua concentração por zonas, a boa rede de comunicações existente e o elevado número de pessoas que lá trabalham tornam este parque empresarial numa comunidade empresarial que pode fomentar sinergias que se podem revelar um dos principais instrumentos para o seu desenvolvimento



Em concreto, o peso das empresas ligadas ao sector terciário aumentou significativamente, passando de 60% para 74% do total, totalmente a expensas da redução do peso das empresas industriais, cujo peso caiu e 40% para 26%. Trata-se de uma tendência que está em linha com a conhecida tendência de terciarização da economia.

(…)”

Aqui, terminada a apresentação do Quimiparque, o Prof. Augusto Mateus e a sua equipa lançam o seu olhar sobre a cidade e o concelho do Barreiro, caracterizando-os deste modo:
“(…)

O concelho do Barreiro possui, actualmente, cerca de 79 mil residentes. Um pouco menos de metade destes reside nas freguesias da Verderena e do Alto do Seixalinho, as grandes zonas urbanas imediatamente a sul da linha-férrea. A outra metade da população distribui-se, grosso modo, pelas malhas urbanas do Barreiro mais antigo, pelas zonas de Santo André, pelo Lavradio e ainda por Santo António da Charneca.

à escala interna, as malhas urbanas da cidade encontram-se consideravelmente espartilhadas e com difícil fluidez, quer pela presença de importantes barreiras físicas - e mesmo cognitivas -, tais como o corredor ferroviário ou a própria Quimiparque (de acesso restrito), quer pela existência de diversas zonas e terrenos progressivamente ‘vazios’ e sem actividade.

De facto, apesar de geograficamente situado numa posição central do estuário do Tejo (o que decerto motivou as primeiras decisões de localização industrial há cem anos atrás), o Barreiro nunca conseguiu libertar, de forma fluida, a sua população, a sua economia e a sua sociedade local de uma série de “malhas” encarceradoras, resultantes da conjugação da vitalidade das suas indústrias locais com os ritmos fluviais de e para Lisboa, e com a sua própria estrutura urbanística.

Nos primeiros anos já do novo século, enquanto que praticamente todos os concelhos da Península de Setúbal têm registado sinais positivos das taxas de crescimento da população (principalmente na sua componente migratória), o concelho do Barreiro é o único da sub-região com uma tendência oposta, evidenciando saldos naturais e migratórios negativos.

Além disso, a par desta desvitalização demográfica e económica (não obstante os valores de urbanidade bem consolidados na cidade, tanto ao nível das vivências sociais e culturais das gentes locais, como na provisão de elementos públicos como as redes de equipamentos colectivos), foi-se igualmente sucedendo uma tendência de desvitalização urbanística. Em consequência, existem hoje malhas urbanas da cidade que apresentam elevadas percentagens de fogos vagos, designadamente nas zonas da freguesia do Barreiro e do Lavradio.



Com o objectivo de produzir uma sistematização analítica e prospectiva clara, que permita enquadrar os espaços centrais para a formulação desta estratégia e as principais condicionantes que lhe estão subjacentes, desenvolve-se, neste ponto, um diagnóstico focalizado numa subdivisão da área norte do concelho do Barreiro em três territórios distintos:

Zona A: Territórios a nordeste da península do Barreiro (zona a leste da futura eventual linha TGV, incluindo a zona urbana do Lavradio);
Zona B: Centro norte da península do Barreiro (zona a oeste da futura linha TGV, a norte do corredor ferroviário e até à malha urbana da cidade);
Zona C: Zona histórica e consolidada da cidade, zona ribeirinha da foz do rio Coina, freguesias da Verderena e do Alto do Seixalinho.

A Zona B é uma zona classificada no actual PDM quase exclusivamente como zona industrial, embora nos últimos anos tenham ocorrido importantes alterações nas suas diferentes funcionalidades. Com excepção da malha urbana do Bairro das Palmeiras, junto ao corredor ferroviário, todo este território encontra-se sob a administração da Quimiparque. Nesta zona, existe um número significativo de empresas industriais em pleno funcionamento desde há longa data e, nos últimos anos, tem ocorrido a instalação de empresas em actividades ligadas sobretudo à armazenagem e a serviços diversos. Não obstante, múltiplos terrenos têm vindo a ficar desocupados devido ao encerramento de empresas, particularmente nas áreas ribeirinhas e ainda nas zonas mais a poente (junto às malhas urbanas consolidadas).


Dentro desta zona, encontramos, desde logo, uma Zona Ribeirinha a nascente sem qualquer actividade, com importantes problemas de contaminação. Dentro desta, a Zona Pa acumulou durante décadas elevadas quantidades de resíduos de pirite resultantes da produção de ácido sulfúrico que têm vindo paulatinamente a ser usados como aditivo pelas cimenteiras nacionais, perspectivando-se a sua erradicação em cerca de 10 anos.
Na Zona Pb, por seu lado, regista-se a presença de uma elevada quantidade de resíduos de zinco ao ar livre junto ao rio, o que configura uma situação reconhecida como muito delicada.

A Zona Ribeirinha mais a poente é onde se encontra o cais industrial, área ainda com alguma actividade industrial e portuária, mas igualmente já com uma série de terrenos desafectados de qualquer dinâmica. Não obstante, nesta zona situam-se duas importantes empresas em actividade, a Atlanpor e a Sovena.

A Atlanpor, instalada em terrenos concessionados para exploração pela APL e pela Quimiparque na Zona Pd, é aparentemente uma empresa detida em partes iguais pelo Grupo Mello e pela Siderurgia Nacional - Produtos Longos. Tem a sua actividade centrada na recepção e armazenagem de sucata, sobretudo para abastecimento de empresas do Seixal existentes nos antigos espaços da Siderurgia Nacional. Também recebe granéis, embora de forma relativamente residual. As actividades de recepção de sucata provocam importantes problemas ambientais. A construção do ramal ferroviário da Siderurgia com ligação ao Porto de Setúbal a partir de 2008/2009 e futuramente à plataforma logística do Poceirão poderá dispensar as necessidades de recepção de sucata no Barreiro.

A Sovena é uma empresa de referência no mercado ibérico de óleos e azeites pertencente à Nutrinveste (Grupo José de Mello), um dos principais grupos agroalimentares nacionais que detém marcas reconhecidas como Fula, Oliveira da Serra, Andorinha, Vêgê, Frigi, 3ás, Salutar e OliSoja. A fábrica da Sovena no Barreiro (Sovena Barreiro) constitui a maior unidade de refinação e embalamento de óleos e azeites a laborar em Portugal. Emprega cerca de 170 trabalhadores, possui uma capacidade diária de refinação de 270 toneladas de girassol e de 190 toneladas de soja, está preparada para embalar 630 toneladas de óleo e 35 toneladas de azeite por dia e tem espaço de armazenagem para 8.500 paletas. Está instalada em terrenos do Quimiparque, parte arrendados e parte com direitos de superfície de longo prazo.

As zonas mais a sul envolvem terrenos de utilização muito diversa. Por um lado, desenvolveu-se uma área de dinâmicas comerciais e de distribuição, onde estão instaladas duas importantes unidades de distribuição, o Feira Nova do Barreiro (uma unidade de grande dimensão do Grupo) e o Mestre Mako.

A poente destas unidades, uma outra zona importante onde se encontram instalados os Transportes Colectivos do Barreiro. Em muitos terrenos desta envolvência, situam-se diversas instalações empresariais. É também nestas zonas onde está localizado o SalisPark, uma área de múltiplas actividades económicas, que dispõe actualmente de um leque relativamente amplo de terrenos e de armazéns para venda e para aluguer.

Aqui existe, igualmente, uma muito interessante zona museológica e de carácter histórico-cultural (Museu Industrial). Finalmente, mais a poente, situa-se uma pequena zona residencial - o Bairro das Palmeiras -, bairro com frágeis características urbanísticas, sociais e culturais, necessitado de uma profunda intervenção ou (na hipótese de requalificação integral dos espaços envolventes) de um projecto integrado de realojamento.

Por fim, as áreas a sul e a poente do cais industrial podem classificar-se como áreas de transição para as malhas urbanas da cidade - e vice-versa -, já há diversos anos em processo de difícil definição, e como tal aguardando, com maior evidência, a clarificação das respectivas direcções estratégicas. Efectivamente, se nestas zonas se podem ainda encontrar importantes unidades industriais, tais como a Quimitécnica e a Quimitécnica Ambiente, por outro lado desenvolvem-se projectos de desenvolvimento urbano e de ampliação da cidade para Nascente, entre os quais o de maior visibilidade será o Fórum Barreiro, grande espaço comercial e de serviços.

A Quimitécnica, SA, é uma empresa vocacionada para a gestão e tratamento de resíduos industriais, designadamente tratamento físico-químico de resíduos com cianetos, crómio e soluções contaminadas com metais pesados. Resultou da antiga Divisão de Química Inorgânica e Metais da Companhia União Fabril (Grupo CUF).

A Quimitécnica Ambiente, SA, é uma empresa criada em 2001 que resultou da transformação da área de negócio homóloga da sua empresa-mãe (a Quimitécnica, SA) numa entidade juridicamente autónoma. Encontra-se integrada no Grupo CUF, estando vocacionada para a gestão global de resíduos, a realização de ensaios físico-químicos e a prestação de serviços especializados em áreas relacionadas com a redução e valorização de resíduos.

(…)”

Não querendo ser fastidioso tentei reduzir em algumas páginas de texto o excelente relatório diagnóstico da Augusto Mateus & Associados, Lda que, ao longo de 149 páginas nos apresenta um Quimiparque, em alguns aspectos, desconhecido para alguns de nós.

Falta contudo ver o que nos propõe este economista e a sua equipa e dizer-vos o que penso eu sobre tudo isto. Fá-lo-ei mas só depois de vos identificar com as bases da proposta que a Quimiparque e a Câmara Municipal do Barreiro se preparam para dar como sendo a solução redentora para esta cidade que definha há trinta e tantos anos

Na próxima semana, se esta gripe mo permitir, senhores meus, minhas senhoras, cá estarei de novo. Até lá, sempre vosso

Captain Jack




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