Em primeiro lugar deixem-me que vos peça desculpa pela escrita tardia desta postagem mas, confesso, acalentava a secreta esperança que o Sr. Carlos de Mattos, ilustre investidor da Cidade do Cinema, me viesse visitar, tal como fez à Quimiparque.
Hoje, 15 dias volvidos sobre a sua visita ao Barreiro, começo a ter algumas dúvidas que Carlos de Mattos me honre com a sua visita. Ainda acalento contudo a esperança que me explique, talvez por carta, fax ou mail, o que ainda não explicou a ninguém: Como é que um projecto tão apetecível, não consegue despertar interesse em cidades como Cascais, Sintra ou mesmo Oeiras, onde já existem infra-estruturas como o Tagus Park?
Hoje, 15 dias volvidos sobre a sua visita ao Barreiro, começo a ter algumas dúvidas que Carlos de Mattos me honre com a sua visita. Ainda acalento contudo a esperança que me explique, talvez por carta, fax ou mail, o que ainda não explicou a ninguém: Como é que um projecto tão apetecível, não consegue despertar interesse em cidades como Cascais, Sintra ou mesmo Oeiras, onde já existem infra-estruturas como o Tagus Park?
Carlos de Mattos a pensar na
Cidade do Cinema
Como é que um homem que lida com milhões de dólares, almoça com Spielberg* e George Lucas, tem um excelente relacionamento com o clã Kennedy, conhece Bill Clinton e George Bush, ainda não conseguiu, em mais de 10 anos de contactos, construir a sua cidade do cinema, em Portugal que “é uma segunda Califórnia”?
* “O Steven Spielberg, por exemplo, até há alguns anos ia várias vezes ao meu escritório, almoçávamos juntos, falávamos de tudo. Depois de ‘A Lista de Schindler’ anda tão ocupado que telefono-lhe e não me responde.”
Entrevista a Carlos de Mattos In Correio da Manhã de 30 de Abril de 2006
O capital social do Quimiparque é de cerca de 90Milhões de dólares. Este valor é apenas parte do investimento realizado em filmes como Waterworld, um enorme fiasco comercial diga-se “en passant”, “The Legend”, ou “Sin City”, uma obra carregadinha de efeitos cinematográficos e tratamento computadorizado.
Nenhum destes foi “blockbuster”, tendo mesmo ficado, em termos de receitas, muito aquém das expectativas, mas todos eles facturaram muito mais que o que seria necessário para comprar o Quimiparque, inteirinho, e nele construir, depois, as “Cidades do Cinema, do Teatro, do Circo ou das Telenovelas” que se entendesse.
Para se fazer ideia dos milhões que movimenta a indústria cinematográfica nos EUA, onde Carlos Mattos está inserido, vejamos o exemplo de facturação de alguns filmes que, contudo estão longe de serem s mais rentáveis:
. Salteadores da Arca Perdida (1981) - $209Milhões
. Indiana Jones e o Templo Perdido (1984) - $180Milhões
. Indiana Jones e a grande cruzada (1989) - $197Milhões
. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal – (2008) - $683Milhões
. A Múmia (1999) - $155Milhões
. O Regresso da Múmia (2001) - $202Milhões
. Tomb Raider I (2001) - $131Milhões
. Tomb Raider II (2003) - $65Milhões
Num mercado em que cada filme movimenta mais capital que o equivalente ao património do Quimiparque, porque pede este empresário de sucesso em Hollywood, (fundador da CDM Interactive, empresa que fabrica e comercializa equipamentos, em particular sistemas de iluminação, para filmagens e espectáculos, apadrinhado por Akira Kurosawa, que entra no mercado cinematográfico a fabricar tripés, recebe a consagração pela invenção de uma grua para filmagens usada pela primeira vez em “ET – O Extraterrestre”), 30 a 40 hectares de terreno?
Porque não reúne ele os dólares necessários e simplesmente compra o Quimiparque, o Tagus Park ou mesmo um dos dois terrenos do Concelho da Azambuja onde a PRISA pretende instalar os seus estúdios de produção de televisão?
Com muito menos tempo de negociação o autarca da Azambuja ofereceu à Prisa duas alternativas, a primeira num terreno que fica na freguesia de Alcoentre, junto da Quinta da Torre Bela, com uma área de 40 hectares e o segundo, com uma área semelhante, numa quinta da freguesia de Aveiras de Baixo.
Ambos estão servidos por bons acessos rodoviários, com a Auto-Estrada do Norte (A1) e a linha de caminho de ferro próximas. As condicionantes existentes em ambos os casos para a construção, já que os terrenos estão classificados como Reserva Agrícola Nacional (RAN), não parece ser preocupante para o presidente da câmara local que desvaloriza este aspecto porque “as classificações serão alteradas até porque será um PIN (Projecto de Interesse Nacional) e essa condição é suficiente para que sejam levantadas as condicionantes impostas pelo Plano Director Municipal (PDM) em vigor e em fase de revisão”.
Qual é a diferença entre esta situação e a da “nossa” “Cidade do Cinema”?
No caso da Azambuja, o grupo espanhol Prisa, que detém a Média Capital e a TVI, que tem capacidade de investir e um projecto concreto, pretende construir um centro de produção de cinema e televisão e anunciam a criação de mil postos de trabalho, a maioria dos quais qualificados, para um espaço que deverá acolher também os novos estúdios da TVI.
In O MIRANTE - Semanário Regional - Edição de 06-03-2008 – busca Google por “Cidade do Cinema”
O projecto “Cidade do Cinema” no Barreiro abrangerá, segundo um dos seus responsáveis, as áreas do cinema, televisão, publicidade e media contemplando também um pólo universitário.
Em nome de Carlos de Mattos, o seu representante em Portugal, fala da criação de uma “Media City” ao lado de uma “Cinema City”, que contemple ainda áreas de entretenimento e de organização de eventos. Esta foi pelo menos a versão de 12 de Junho de 2008.
Relativamente a postos de trabalho, o projecto do Barreiro é apresentado como podendo chegar aos 9 mil, dos quais 3 a 4 mil serão directos.
O projecto “Cidade do Cinema” no Barreiro abrangerá, segundo um dos seus responsáveis, as áreas do cinema, televisão, publicidade e media contemplando também um pólo universitário.
Em nome de Carlos de Mattos, o seu representante em Portugal, fala da criação de uma “Media City” ao lado de uma “Cinema City”, que contemple ainda áreas de entretenimento e de organização de eventos. Esta foi pelo menos a versão de 12 de Junho de 2008.
Relativamente a postos de trabalho, o projecto do Barreiro é apresentado como podendo chegar aos 9 mil, dos quais 3 a 4 mil serão directos.
In Rostos.pt edição de 12-06-2008
Também ficamos a saber que devido às novas tecnologias, que os espanhóis da Prisa não devem conhecer, o projecto barreirense vai caber em apenas 20 hectares (há 6 anos necessitava de 40hec) enquanto que a Hollywood ribatejana necessita de 40 hectares para criar “apenas” 1000 postos de trabalho.
Que vos parece esta conversa toda? A mim suscita-me as dúvidas que sempre suscitou, desde o início.
Quem cria réplicas do Titanic, em estúdio, para filmar a sequência do afundamento do célebre navio, quem investe centenas de milhões de dólares em filmes que “vivem” meia dúzia de meses nas salas de cinema e no mercado associado de merchandising, quem vai para o Haway, as Seychelles ou qualquer outra parte do mundo só para filmar um par de sequências de um filme, não precisa que lhe ofereçam 40 hectares de terreno.
Compra o Quimiparque por inteiro!
Com a primeira produção “à americana” paga grande parte do investimento e mesmo que o negócio dê para o torto ainda tem o património que lhe garante o valor investido.
Mas os pormenores desta grande produção da “Cidade do Cinema” são mais conhecidos fora do Barreiro do que na cidade que a verá (?) nascer e por aqueles que nela vivem.
Também ficamos a saber que devido às novas tecnologias, que os espanhóis da Prisa não devem conhecer, o projecto barreirense vai caber em apenas 20 hectares (há 6 anos necessitava de 40hec) enquanto que a Hollywood ribatejana necessita de 40 hectares para criar “apenas” 1000 postos de trabalho.
Que vos parece esta conversa toda? A mim suscita-me as dúvidas que sempre suscitou, desde o início.
Quem cria réplicas do Titanic, em estúdio, para filmar a sequência do afundamento do célebre navio, quem investe centenas de milhões de dólares em filmes que “vivem” meia dúzia de meses nas salas de cinema e no mercado associado de merchandising, quem vai para o Haway, as Seychelles ou qualquer outra parte do mundo só para filmar um par de sequências de um filme, não precisa que lhe ofereçam 40 hectares de terreno.
Compra o Quimiparque por inteiro!
Com a primeira produção “à americana” paga grande parte do investimento e mesmo que o negócio dê para o torto ainda tem o património que lhe garante o valor investido.
Mas os pormenores desta grande produção da “Cidade do Cinema” são mais conhecidos fora do Barreiro do que na cidade que a verá (?) nascer e por aqueles que nela vivem.
O site http://fabricadeconteudos.com, na sua edição de 25-06-2008 noticia:
A cidade do Barreiro pode receber em breve um estúdio de cinema e uma universidade ligada ao entretenimento, numa iniciativa inserida no âmbito do projecto «Cidade do Cinema», a criar na margem Sul do Tejo.
O projecto deverá arrancar já depois do Verão, a edificar num terreno já negociado com a autarquia local, e cujo investimento deverá rondar os 300 milhões de euros.
Em declarações à Renascença, o dinamizador desta iniciativa, Carlos de Matos, salienta que o projecto prevê a criação de um estúdio de cinema de nível internacional e uma universidade ligada ao entretenimento, comunicação e tecnologia.
O Rostos, publicação de referência no Barreiro, muito bem relacionada com o poder local, situação indispensável para se poder dar notícia de qualidade, nada refere acerca destas afirmações pelo que se conclui nada ter sido dito sobre estes aspectos na reunião de 12-06-2008 no Quimiparque.
Refere, no entanto, este órgão informativo, que Eduardo Martins, “a face visível do projecto em Portugal”, começou por realçar a entrada do australiano Wayne Boss no projecto, afirmando que “ é um parceiro que vem dar a dimensão de media que nos faltava e enriquecer ainda mais este projecto”.
De Wayne Boss sabe-se que é australiano e um dos accionistas de referência da maior empresa de software australiana – a Telstra – que adquiriu recentemente a Sausage Software Company. Está também ligado ao mercado dos media através da produção de jogos e DVD’s.
Mas, Sr. Carlos de Mattos, que é feito da Disney, da Pixar, da Fox (esta até mandou fax confirmando o seu interesse), da portuguesa YDreams e outras importantes companhias do mundo do cinema?
Que é feito do seu tanque gigante para filmagens que envolvam água como em ‘Titanic’, os teatros, os restaurantes, os espaços de lazer, que publicitou ao “Correio da Manhã” em 30-04-2006, quando também referiu “É agora ou nunca.”
Afirmou o porta-voz de Carlos de Mattos, que “não há qualquer deslocamento ou atraso no projecto por causa da câmara ou do Quimiparque”, afirmou mesmo que “as razões que levaram a que o “processo não avançasse com a velocidade que todas as pessoas querem” se deve ao facto de que a evolução das tecnologias levou a que o projecto, com mais de uma década, tivesse de ser actualizado.
Explicou depois que com a “utilização das 3D”, as artes gráficas e os cenários virtuais, “a realidade é completamente distinta. Há muito trabalho que é feito em laboratório e estúdios de media”. Assim, termina dizendo, “foi quase partir da base zero do que tínhamos feito, quando iniciamos este projecto para Portugal.”
Meu Deus, que desculpa esfarrapada, que conversa para ingénuos, a tentar esconder o que é óbvio. Então em 2006, quando Carlos de Mattos dá ao jornal Correio da Manhã a entrevista do “Agora ou nunca” já não haviam tecnologias 3D? A Pixar e a Disney são o quê, companhias para as quais as novas tecnologias se resumem aos microondas?
Não estaremos, meus senhores, equivocados quando pensamos que os barreirenses vão em “conversas da treta”? E olhem que não me refiro aquele produto de media com o António Feio e o José Pedro Gomes.
Enquanto escrevia esta postagem recebi um e-mail do meu amigo Indiana Jones que passo a reproduzir na íntegra (depois de traduzido, claro):
“Dear Captain (esta parte não traduzi)
Envio-te este e-mail (“e-mail”, também não traduzi) em nome do Carlos. Ele teve que sair à pressa para telefonar ao Spielberg, que continua sem lhe responder aos telefonemas, mas, sabes como é o Carlos, nunca desiste, nem que demore 10 anos ...
Quero que saibas que lhe disse que pelo menos deveria ter-te enviado um SMS, mas ele estava mesmo cheio de pressa. Como teve que reformular e começar do zero o projecto da Cidade do Cinema e as obras vão já começar em 2009, não pode perder tempo nenhum.
Eu sei que não acreditas neste projecto da “Cinema City”, como lhe chama o Carlos, mas olha que quem começa a fabricar tripés, que são coisas que conseguem ficar de pé só com três pés e triunfa, pode muito bem ser capaz de tudo.
Juntou ao projecto o australiano Wayne Boss que é assim uma espécie de rei do DVD lá para os lados de Sidney. Quem mo garante é o Crocodile Dundee que até há alguns anos ia várias vezes ao meu gabinete em Marshall College, almoçávamos juntos e falávamos de tudo. Depois de ter conhecido a Linda Koslowski anda tão ocupado que telefono-lhe e não me responde.
Olha Captain (não traduzi “Captain” para não terem dúvidas que o e-mail é mesmo verdadeiro!), não é justo o que andam a fazer com o Carlos. Estou desconfiado que se ele tivesse falado com o Isaltino... eu ainda lhe dei o contacto do sobrinho que é taxista, mas ele não quis.
O Carlos acredita no Barreiro, gosta das águas sujas do Tejo, das descargas de sucata ferrugenta no cais do Quimiparque, do caos urbanístico da cidade e, principalmente da iminente derrocada do casario no Barreiro Velho, que lhe lembram o suspense (reparem que também não traduzi “suspense”) dos meus filmes. Por tudo isto ele diz que o local lhe faz lembrar uma segunda Califórnia.
Por isto te peço, Capitão (no original “Captain”... é inglês), que o ajudes, que movimentes os teus conhecimentos, intercedas pelo rapaz junto dos teus amigos e avancem juntos para a “Cidade do Cinema”.
Olha, Captain (agora mantive o original, em inglês), se o ajudares prometo-te uma estrela no passeio da fama!
Sempre ao dispôr, Indy
Confesso, meus senhores, senhoras minhas, que este e-mail me deixou tão comovido que já nem li o outro que tinha da Lara Croft. Fiz de seguida vários telefonemas para amigos e conhecidos, dei início a uma petição a favor da “Cidade do Cinema” e estou finalmente em condições de vos dizer que “é agora ou nunca”!
Captain Jack