domingo, 24 de agosto de 2008

LAPIDAÇÃO ou DELAPIDAÇÃO?

LapidarMatar à pedrada, apedrejar, talhar e polir as faces das pedras preciosas, de vidros, etc. aperfeiçoar, educar, que está gravado em pedra, fundamental, artístico, perfeito.

Delapidar – Esbanjar, Malbaratar, Dissipar, Arruinar
In “Dicionário da Língua Portuguesa”
De J.Almeida Costa e A.Sampaio e Melo
Porto Editora, Lda
De regresso ao Barreiro, depois de umas retemperantes férias algures na costa vicentina, para onde também se preparam as virtudes deste progresso que, de repente invadiu o país, num frenesim de projectos PIN apadrinhados por governantes e autarcas, fui logo avisado que o centro da cidade estava em “requalificação”.

Os avisos repetem-se em diversas placas espalhadas pela cidade, não permitindo contudo, ao automobilista prever o que lhe está reservado no centro.

São voltas e reviravoltas ao volante, em labirínticos percursos cheios de aventura, qual Rally-Papper sem perguntas. Ruas que antes eram de sentido único passaram a ter dois sentidos, sem qualquer sinalização que disso elucide o automobilista, com a separação feita por pimenteiros de PVC ao estilo do improviso bacoco e perigoso que desrespeita quem aqui circula (jardim dos Franceses), arruamentos que inverteram o sentido de circulação sem qualquer aviso prévio, ruas onde circulam ao mesmo tempo automóveis e manobram máquinas e equipamentos de construção civil, retroescavadoras, camiões que transportam materiais de obra, gruas e dumpers, peões, ciclistas e basbaques reformados, que confundem betão com desenvolvimento.

O que me admira não é a falta de organização que reina neste frenesim de obras pré-eleitorais de uma autarquia que ficou de “tanga” pela má gestão do anterior executivo, uma autarquia que demora em média seis meses para pagar aos seus fornecedores e que inventa mil e uma maneiras para sacar ao munícipe e empresas do concelho todos os trocos possíveis (veja-se o caso da recente tarifa de disponibilidade que substitui o aluguer do contador da água, a partir do próximo 1 de Setembro de 2008).

Espanta-me, isso sim, a forma como os perigos “deixam de ser perigosos” quando convém montar vedações de qualquer maneira, sem o mínimo cuidado em sinalizar os obstáculos (DL 163/2006 de 8 de Agosto sobre acessibilidade de pessoas com mobilidade condicionada), quando falta iluminação eficaz nos arruamentos que viram a sua capacidade de circulação condicionada, quando a separação entre sentidos de trânsito se faz com recurso a pimenteiros de plástico já pouco visíveis durante o dia e totalmente invisíveis à noite.

Ninguém contesta a necessidade de se fazerem as obras, no que à rede separativa de esgotos diz respeito. O resto é muito duvidoso, principalmente quando, os mesmos que hoje promovem estas intervenções, contestaram a execução da calçada “PS” da Av. Alfredo da Silva, há quatro anos atrás.

Na altura disse-se, e eu sou dessa opinião, que era um desperdício de dinheiro porque haviam outras intervenções prioritárias. Então como explicar agora este esbanjamento? Não parece uma birrinha de miúdos mimados?

Os pedopsicólogos dizem que as birras da criança são sinónimo de uma personalidade forte, mas estes “meninos” que têm gerido a nossa cidade, qualquer que seja a cor do respectivo “bibe”, não têm pais ricos... embora gastem como se tivessem ido ao banco.

E como explicar que o Regulamento Municipal de Obras obrigue os construtores de obras particulares (pelo menos alguns) a vedar os seus estaleiros com chapas opacas (para proteger as zonas envolventes alheias às construções a executar) e se permita às empresas responsáveis por estas obras de “requalificação” que decorrem no centro do Barreiro, o desrespeito por esta norma?

As vedações colocadas na Av. Alfredo da Silva não protegem as pessoas que circulam nos passeios que ladeiam esta artéria. As suas bases constituem um perigo para as pessoas com mobilidade condicionada, principalmente os invisuais.

As poeiras e os detritos resultantes dos trabalhos de remoção do pavimento são projectados para lá destas barreiras podendo atingir pessoas e bens, para não falar nos inconvenientes que esta situação trás aos comerciantes da zona. Quem se responsabiliza por isso? Porque não se exigiu o cumprimento do Regulamento Municipal de Obras?
Uma simples lona ou pano bastaria para proteger os transeuntes das poeiras e projecção de detritos, como se vê na figura ao lado, numa obra municipalde outro concelho.

A obra não dispõe de qualquer placa identificativa que informe sobre qual a entidade/empresa que a executa, onde é o estaleiro da mesma, nem quem é o seu responsável técnico (DL 555/99).

Onde está a sinalização, obrigatória por lei, nas obras de construção civil? Quem é o coordenador de segurança da obra que não vê que os trabalhadores andam sem Equipamentos de Protecção Individual? E a fiscalização do IDICT anda assim tão atarefada que ainda não deu por esta situação?

E a PSP, como entidade responsável pela segurança rodoviária na cidade, ainda não detectou que, bem perto da sua esquadra da Praça de Santa Cruz, a separação de sentidos de circulação rodoviária é feita só com pimenteiros? É seguro? E já analisaram bem a dificuldade da manobra que os condutores, que se deslocam no sentido “Avenida da Praia”/Praça de Santa Cruz - Rua Stara Zagora, são obrigados a efectuar ao chegarem ao Jardim dos Franceses?

E como deve ser bom viver na Rua Stara Zagora, nesta altura!

Esta é uma artéria onde manobram as máquinas da obra do Forum Barreiro e circulam veículos, por uma única faixa, em dois sentidos. O truque, minhas senhoras, meus senhores, é gostar de sentir a adrenalina e avançar sempre. O mais fraco acaba sempre por recuar.

Mas deixemos as obras em curso porque estas só vão durar três meses (Agosto, Setembro e Outubro) estando prontas em Novembro. Por isso acredito que, antes de este blog registar 8000 visitas tudo estará concluído com excepção do mercado 1º de Maio. Não me parece muito: Rede de Esgotos (está quase feita, as tubagens até já estão enterradas...), alargamento dos passeios (“mantendo-se o desenho mas melhorado”, segundo o Sr. Vice-Presidente. Apetece perguntar: será com as cores do arco-iris?), plantação de cerca de 100 árvores (espero que não seja “sem” árvores...) e rotunda junto da Rua Stara Zagora com uma escultura do artista moçambicano José Malangatana.

Por amor de Deus, se não conseguirem fazer isto em três meses... ainda por cima a Av. Alfredo da Silva vai ter a sua largura reduzida para seis metros... (é mais que suficiente para passarem dois carros e até permite inversão de marcha! Isto leva-me a sugerir ao Sr. Presidente Carlos Humberto que se faça o mesmo à Av. J.J. Fernandes, no Lavradio e à Av. De Santa Maria, no Barreiro. Seria assim uma espécie de ex-libris desta cidade…Barreiro a cidade das Avenidas de 6 metros!).

Meus senhores, senhoras minhas, eu acredito mesmo nesta cidade polinucleada, uma cidade de duas margens, com o rio Tejo devolvido aos cidadãos, com amplas áreas de desporto e lazer, um hotel dentro de dois anos, uma cidade do cinema no Quimiparque (estou já a ver os tours turísticos em autocarro - destes mais pequenos recentemente adquiridos pelos TCB, ao estilo hollywoodesco, pelo Barreiro Velho), uma multidão a desembarcar nas novas estações, ferroviária e fluvial, do Quimiparque, a correr feliz para os seus empregos nos edifícios de serviços a construir no Quimiparque, não sem antes deixar de acenar, contentes, aos empresários que chegam de Madrid, no TGV, para estabelecerem acordos de negócios com o Gabinete do Empresário da Câmara Municipal, uma multidão aguardando a abertura das lojas de roupa de marca do Fórum Barreiro e as rapariguinhas de shopping, com os seus saltos altos a ressoarem na nova calçada da Avenida Alfredo da Silva (que na altura já deverá ter outra designação), atrasadas para ocuparem os 1000 postos de trabalho criados por este empreendimento.

Por essa altura já se deverá saber onde ficará a estátua de Alfredo da Silva e Carlos Mattos já deverá ter entregue ao governo o seu ante-projecto da Cidade do Cinema.

Meus senhores, senhoras minhas do, sempre Vosso,
Captain Jack & AlmaSense

4 comentários:

THOR disse...

Contribuintes Singulares Devedores ao Fisco

JULIO GUILHERME LOPES FREIRE - NIF 137831897

http://www.e-financas.gov.pt/de/pubdiv/pdf/listaFS1.pdf

Um gajo destes pode ser Provedor da Misericórdia do Barreiro?

Fora com ele. JÁ!

Anônimo disse...

Era bom mas era que em vez de criticar também apresentasse ideias?
Você deve ser daqueles que passa o dia a ver as obras e a dizer mal do que se faz, sem ser capaz de fazer melhor.
O projecto destas obras é do melhor arquitecto de Espanha e que tem feito grandes obras em Barcelona e em todo o mundo também.
Já estamos no século xxi e os Melos já não mandam aqui nada e por isso acho bom que se faça uma avenida nova, com grandes passeios e árvores para as crianças passearem.

maria (muito barreirense) disse...

sem dúvida captain, tb eu já me tenho questionado sobre as condições de segurança ao redor da obra do centro do barreiro. Não sei como é que ainda não foi ninguém atropelado, ou como é que ainda ninguém levou com um catrapila em cima.

a ausência de sinalização é atroz.

ainda há dias observei a dificuldade de um cego em tentar perceber o percurso que podia fazer ao longo do taipal.

enfim ... a segurança ainda é uma utopia, neste país.

como outras utopias cá do barreiro...

Anônimo disse...

Desordenaram o Barreiro, entupiram-no, descaracterizaram-no, fizeram-no perder influência, perder força, perder indústria, ganhar insegurança, ganhar bolores de incomodidade, ganhar o ranço da paragem no tempo e da deselegância do espaço – e os paladinos da “Foice” continuaram abúlicos e eternamente devotados ao remanso dos lençóis. Entretanto, o tempo passou, implacável, Perderam a Autarquia, mas tiveram a sorte de aproveitar uma derrota de outros, não a sua vitória, e voltaram, tomaram então de assalto os planos estratégicos do inquilino anterior. Agora aproximam-se eleições em 2009. E então é um “valha-me Deus, que dormi demais”. Todos despertam na camisola vermelha, sem excepção, muito lépidos, muito senhores das suas verdadinhas, muito progressistas e antifascistas, muito trepadores, muito escritores, muito poetas, muito vaidosos da sua entrevista no Rostos, muito guardadores da sua rua, do seu bairro, não da sua Cidade,. Há em toda esta comichão “patrioteira” e “civiqueira” , em toda esta geringonça de afogadilho, um halo de mercantilismo, um cheiro a Festa do Avante (com vantagens sobejas para o que nesta se vende), um fartum a Ali Babá que deixa perplexo o mirone ou o simples curioso. É tempo de desmascarar esta mistela. E de dizer que as sonoras afirmações, os descantes, os despiques, os motes e motejos desta raça de gente são percepcionados pelo anónimo, pelo aplicado munícipe, como uma coisa “lá dos gajos da CDU”, que apenas provoca um bocejo de tédio e, em certos momentos, uma imensa explosão de hilariedade. O mal é que rimos sobre a hipoteca do futuro das mais próximas gerações. Porque o Barreiro com esta gente não tem futuro.