sexta-feira, 21 de março de 2008

AS CARTAS MERECEM SEMPRE RESPOSTA

(principalmente quando não são anónimas)

É sempre com algum prazer que lemos os comentários que os nossos conterrâneos nos enviam para o blog. Esta atitude de comentar é, acima de tudo, salutar e indicativa do interesse que todos devemos alimentar face ao que, no dia-a-dia, se passa à nossa volta.

Devemos, pois, estimular esta participação mesmo quando ela critica as nossas atitudes e manifesta uma opinião contrária à nossa. Devemos, no entanto, corrigir conclusões e juízos que, erradamente, se produzam sobre as nossas pessoas ou as ideias que defendemos.

A última postagem, datada de 16 de Março 2008, suscitou alguns comentários (que podem ser lidos se seleccionarmos a opção para o efeito, por baixo do texto respectivo).

O primeiro comentário é, ao que parece, uma fiel e bem informada transcrição do discurso do Presidente Carlos Humberto, lido em 14 de Março no Mercado 1º de Maio, na jornada de luta “O Barreiro pela Ponte”, que reuniu 300 barreirenses. Este comentário chegou até nós a 18 de Março e está publicado, na íntegra, no Jornal do Barreiro, na sua edição de 21 de Março.

Está assim demonstrada a nossa importância como blog e a confiança que alguns barreirenses depositam em nós, uma vez que nos confiam, em primeira-mão, as notícias que publicam nos jornais locais. Aqui fica o nosso muito obrigado.

Outro comentário feito a 19 de Março, esse sim que merece a nossa reflexão, é de um militar que assina sob pseudónimo (Major droMedÁRIO Lino) e que a seguir transcrevemos.

Meu Major, desculpe que lhe abra o coração mas, com um nome desses ou o senhor seu padrinho gostava muito de Lawrence da Arábia ou o meu Major foi vítima de um lamentável erro de escrita do empregado do registo civil.

Leia-se o texto, atente-se na substância e no conhecimento subjacente às matérias versadas, para perceber como está informado o nosso Major:

Caro Capitão
Muito me admira a sua idolatria pelo Viegas.
O Barreiro já tem uma ponte em crédito. A PVG era para ser construída no Barreiro. Mas o Lobie do Betão e do Alcatrão foi mais forte. A Lusoponte e o seu Viegas ganharam.O país perdeu.

Não resolveu o problema dos congestionamentos na P25A. Não resolveu a ligação Norte-Sul (Prova: A construção da Ponte Benavente-Santarém para ligar a A1 com a A2).Não resolveu o problema das ligações ferroviárias. A Via Férrea implantada na P25A acrescenta +30m no tempo de viagem para Alentejo e Algarve.
Agora o "seu" Viegas esfalfa-se para conseguir que o Montijo ganhe +2 Pontes, uma Beato-Montijo só ferroviária, outra Montijo-Barreiro que tem dias, num dia é Ferroviária, no dia seguinte é Rodoviária. Mas, como a construção do NAL e da Base Logística do Poceirão gerarão mais tráfego, terá de ser construída + 1 travessia (Algés-Trafaria).
Isto é 3 Travessias em vez de 1.
Já começa a perceber o que faz correr o passarão do Viegas? É claro que os patrões facturarão muito mais em 3 travessias do que numa única travessia.
O Capitão é contribuinte?
Adivinhe então quem pagará as travessias Ferroviárias Beato-Montijo e Montijo-Barreiro?O Zé, claro! ou seja, o OGE.
Uma Ponte Integrada de Lisboa a Chelas será paga pelas Portagens (60 a 90% em 10 anos de exploração!Diga-me Capitão:
Você é mesmo Camarro? Ama o Barreiro. Então porquê esse ódio ao Barreiro?
Com a desindustrialização, com o desinvestimento provocadas pela descolonização e pela apressada adesão à CE, o Barreiro definha. Perde habitantes.
As Zonas antigas transformam-se em Cidades Fantasma.
Desertas.Como inverter a situação?
Promover a instalação de novas indústrias no Barreiro!
Certo!Mas quem será o estúpido que vem instalar indústrias no Barreiro se, para recolher matérias primas ou entregar produtos manufacturados terá de gastar +50 Km por viagem?

Olha Capitão:
Não sei se reparaste! A Linha Férrea para as Praias do Sado sai do Barreiro (Sul e Sueste) e passa no Lavradio. A Linha que leva o combóio até ao Alentejo e Algarve passa na Penalva.- Então porque é que o Viegas quer levar os combóios para o Montijo? Que não tem qualquer linha de Combóio? (O Ramal Montijo-Pinhal Novo morreu!)
E já imaginaste o que será o Montijo com a amarração de 3 Pontes? (PVG, Beato-Montijo e Barreiro-Monijo)!E aceites que se feche a Baía da Moita/Rosário com este labirinto de Pontes Transversais e Longitudinais?
Caro Capitão
Precisas ler mais. Para começar, recomendo que comeces pelo Projecto do Eng Silvino Pompeu dos Santos.
Que leias a argumentação da RAVE e da AML (PROTAL).
E precisas pensar mais no Barreiro.
Não te maço mais.
Saudações Castrenses do
TeuMajor droMedÁRIO Lino

19 de Março de 2008 07:19

Meu Major,
Confesso que o erro é meu e desde já lhe peço imensa desculpa.
As imagens que juntei ao texto de 16 de Março não permitem (devido à quantidade de informação de que dispõem) ser aumentadas para que se possa ver melhor o traçado proposto pelo grupo de trabalho do Prof. Viegas, caso contrário veria que não há “labirinto de Pontes Transversais e Longitudinais” frente à baía da Moita/Rosarinho.

Tão pouco a linha-férrea ligará ao Montijo (a não ser a de alta velocidade) mas sim ao Lavradio onde entronca na existente, que recupera a sua capacidade de ligação ao Sul do país, perdida para o Pinhal Novo.

Quanto ao pagamento da ponte Chelas-Barreiro com o dinheiro das portagens, em 10 anos de exploração, o meu Major lá saberá melhor que eu, esse aspecto, mas olhe que a PVG, menos extensa que esta tem um período de concessão bem maior e, dez anos volvidos após a sua abertura, ainda não está paga nem em metade e tem a facturar para ela a P25A.

Também não percebo como faz as contas aos 50Km de percurso quando actualmente Barreiro-Lisboa seja pela PVG ou pela P25A não atingem esta extensão e a opção “do Viegas”, como lhe chama, encurta-a em 13Km. Mas, mesmo que continuássemos tão longe como diz, estaremos sempre mais perto que a Espanha, para quem as distâncias não interessam quando nos inundam o mercado com os seus produtos, desde o peixe fresco à laranja, passando pela cerâmica, materiais de construção e outras manufacturas.

A distância, no mundo global em que vivemos, não é problema, mas 30 mil viaturas, diariamente, a passarem pelo Barreiro, em direcção a Lisboa, comboios a passarem pela cidade, sem parar, porque, meu Major, esqueceu-se de dizer que as actuais estações ferroviárias do Lavradio e do Barreiro-A e Barreiro-Mar vão desaparecer para dar lugar a uma única estação na várzea do Lavradio, junto ao Álvaro Velho (que vai ser demolido).

É aí que se fará a inserção dos comboios na linha do Alentejo e a praça da portagem da ponte Chelas-Barreiro será entre o estádio Alfredo da Silva e o campo do Galitos Futebol Clube. Que bom que deve ser, meu Major, ver as filas de trânsito e os engarrafamentos ao amanhecer, aspirar o aroma do dióxido de carbono … (se pertencer ao exército deve lembrar-lhe, vagamente, o cheirinho do Napalm, hein?!).

Para que não tenha dúvidas do que digo junto a planta do traçado das infraestruturas na margem Sul, que por acaso não pertence ao projecto do Prof. Pompeu dos Santos, (porque ele não fez nenhum projecto), mas ao seu relatório sobre a TTT intitulado “Plano Integrado para o Novo Aeroporto de Lisboa, Rede TGV e Terceira Travessia do Tejo”, datado de 19 de Novembro de 2007.

Aproveito para juntar também o perfil longitudinal estudado para a ponte em causa, com tabuleiro de 10metros de altura e a amarrar no Barreiro a cerca de 20metros acima da linha de água o que é suficiente para passarem botes de borracha dos fuzileiros mas inviabiliza a circulação de navios de carga ou de passageiros, no Mar da Palha. Claro que isso para si não é importante porque o meu Major não “alistou praça” na Marinha.

Para não ter dúvidas de que se tratam de imagens fidedignas juntei também a infografia que o “Sol” publicou na sua edição de hoje, onde se podem comparar traçados e perfis das pontes, as suas distâncias e os pontos de chegada ao Barreiro.

A ponte/túnel (mais provável a segunda hipótese, se bem que enormemente mais cara), não se impõe porque “a construção do NAL e da Base Logística do Poceirão gerarão mais tráfego”, mas antes porque a P25A já se encontra saturada, sendo a travessia mais barata, atrai mais utentes e a zona que serve é mais populosa e continua com tendência para crescer, uma vez que também é mais industrializada.

Com o Quimiparque a transformar-se na nova “centralidade do Barreiro, uma nova cidade” como diz o Presidente Carlos Humberto acerca do Plano de Reconversão deste território, parece-me que a tendência dificilmente se inverterá e continuaremos a ter “o Barreiro (que) definha. Perde habitantes. As Zonas antigas transformam-se em Cidades Fantasma. Desertas.”

Relativamente à criação de novas empresas ambas as soluções nos servem já que ambas consideram o aproveitamento das oficinas de manutenção do TGV no Barreiro.

Mas há um ponto, meu Major, em que convergimos na opinião. É quanto ao pagamento da nova Terceira Travessia do Tejo. Sem dúvida que será o Zé a pagar e isso é razão suficiente para que se pense muito bem antes de fazer qualquer opção e olhe que se olharmos só para isso a opção Barreiro-Montijo-Beato, ganha com 1M€ de avanço.

Independentemente de qual das soluções gostamos mais, por amarmos o Barreiro ou por o detestarmos como é, por querermos muito mudá-lo para melhor ou deixá-lo como está, por seguirmos um partido político ou por simplesmente não confiarmos em nenhum deles, seja qual for a razão, parece-me que devem ser os cidadãos a pensar pela sua cabeça e a propósito apetece-me recordar as palavras do “seu” Prof. Pompeu dos Santos, que deu a cara pelo aeroporto na margem sul:

Quando está em curso um estudo com vista à escolha definitiva da localização do Novo Aeroporto de Lisboa, seria um erro histórico não considerar nesse estudo aquela que se afigura como a melhor solução, e a que melhor serve os interesses do país. Quando os recursos são escassos, racionalidade (e rigor) é preciso. O interesse público assim o exige”.
(Extracto de um artigo publicado na “Transportes em Revista”, de Agosto de 2007)

O meu Major dá licença? (Gesto levando a mão à testa, com a palma ligeiramente virada para fora e barulho dos tacões das botas a bater um no outro. Meia volta e retiro-me)

Captain Jack

PS – A sua letra não me é estranha. O Meu Major não fez serviço no Afeganistão?
(Integrado no contingente português, claro.)

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Capitão

Afinal o odiozinho de estimação ao Barreiro é extensivo ao Montijo.
Com que então uma Ponte Integrada Barreiro-Chelas traz problemas de poluição para o Barreiro. E 3 pontes a amarrar no Montijo nada?
Está muito preocupado com o dióxido de carbono que o tráfego automóvel porventura gere na travessia Barreiro-Chelas. E os milhares de quilómetros que os cidadãos do Barreiro, Moita, Palmela e Sesimbra fazem para se deslocar para Lisboa, via P25A ou PVG?
Ainda por cima no pára-arranca constante motivado pelos congestionamentos quer na P25A quer na IC32.
Não o incomodam as toneladas de CO2libertado nessas andanças?
Não tenho a menor dúvida que, com a travessia Barreiro-Chelas o tráfego ganharia muito maior fluidez, far-se-iam milhares de Km a menos por ano e libertar-se-iam muito menos toneladas de CO2.
Vejo que se encontra muito bem entrosado no lobie, que, para além do Eng Viegas também já teve o Presidente da Lusoponte a dar a cara.
E vejo que assume com grande naturalidade que o combóio para o Algarve e Alentejo tenham que passar pela Base Aéra do Montijo para, depois de umas sinuosas curvas e pontes, vir apanhar as linhas ao Barreiro.

Olha Capitão

Não andei pelo Afeganistão, nem por outras andanças.
Se "vesti" farda foi exclusivamente para facilitar o diálogo.
Mas já vi que foi tempo perdido.

Afinal o Captain Jack será mais Jack que Captain.
E se é mais Jack será decerto o "Estripador".
Principalmente dos habitantes do arco ribeirinho e da margem esquerda do Tejo. Que com amigos como o Captain Jack não precisarão de mais inimigos.
Passe bem.
Destroçar!

Anônimo disse...

Caro Capitão

Afinal o odiozinho de estimação ao Barreiro é extensivo ao Montijo.
Com que então uma Ponte Integrada Barreiro-Chelas traz problemas de poluição para o Barreiro. E 3 pontes a amarrar no Montijo nada?
Está muito preocupado com o dióxido de carbono que o tráfego automóvel porventura gere na travessia Barreiro-Chelas. E os milhares de quilómetros que os cidadãos do Barreiro, Moita, Palmela e Sesimbra fazem para se deslocar para Lisboa, via P25A ou PVG?
Ainda por cima no pára-arranca constante motivado pelos congestionamentos quer na P25A quer na IC32.
Não o incomodam as toneladas de CO2libertado nessas andanças?
Não tenho a menor dúvida que, com a travessia Barreiro-Chelas o tráfego ganharia muito maior fluidez, far-se-iam milhares de Km a menos por ano e libertar-se-iam muito menos toneladas de CO2.
Vejo que se encontra muito bem entrosado no lobie, que, para além do Eng Viegas também já teve o Presidente da Lusoponte a dar a cara.
E vejo que assume com grande naturalidade que o combóio para o Algarve e Alentejo tenham que passar pela Base Aéra do Montijo para, depois de umas sinuosas curvas e pontes, vir apanhar as linhas ao Barreiro.

Olha Capitão

Não andei pelo Afeganistão, nem por outras andanças.
Se "vesti" farda foi exclusivamente para facilitar o diálogo.
Mas já vi que foi tempo perdido.

Afinal o Captain Jack será mais Jack que Captain.
E se é mais Jack será decerto o "Estripador".
Principalmente dos habitantes do arco ribeirinho e da margem esquerda do Tejo. Que com amigos como o Captain Jack não precisarão de mais inimigos.
Passe bem.
Destroçar!